sábado, novembro 04, 2006

Disparidades

É curioso o tratamento distinto de dois fatos que aconteceram esta semana. Um dos fatos foi a intimação por parte da Polícia Federal a três jornalistas da revista Veja, para deporem em inquérito que investiga a "tentativa de abafar o caso da compra do dossiê", como a revista denunciou em sua edição de 18 de outubro de 2006. Os repórteres de Veja disseram que o delegado foi abusivo durante os depoimentos, e os privou de contato com o advogado que os acompanhou. Detalhe: havia uma procuradora da república acompnhando o depoimento, e não constatou abuso.
O outro fato foi a condenação em primeira instância do professor Emir Sader, pela justiça de São Paulo, por injúria contra o senador do PFL-SC, Jorge Bornhausen (ver "post" abaixo).
Não pude avaliar o noticiário de outros veículos. Como sou assinante do Universo Online, UOL, que pertence ao grupo Folha, e que têm o conteúdo "online" do jornal Folha de São Paulo, é interessante observar que a Folha de São Paulo, em sua edição de quinta-feira, dia 2 de novembro, deu uma notícia bastante frugal, digamos assim, da notícia da condenação do professor Sader. Um relato, sem comentários a mais, com citação de parte da sentença.
Mas havia, pelo menos cinco textos de denúncias e comentários sobre "abusos" cometidos pelo delegado que dirigiu o depoimento dado pelos jornalistas da Veja. Até deputados do PV e do PPS se manifestaram que o Congresso deveria acompanhar os desdobramentos do caso.
E, ainda, no dia 1o, quarta-feira, a mesma Folha de São Paulo, em editorial, invoca a hostilização de alguns repórteres por parte de militantes petistas, bem como, a tal "intimidação" dos repórteres da Veja durante seu depoimento. O editorial conclui com um "gran finale": "O que essas manifestações de hostilidade ameaçam é muito mais do que a imprensa: é o direito da sociedade de ter livre acesso à informação e à opinião. A pretexto da vitória legítima de Lula, tentam silenciar o jornalismo crítico."
No caso da Folha, este foi o noticiário "equilibrado", na seção Brasil.

Meu primeiro pensamento no caso foi "vão pentear macaco!". E a imprensa ainda se diz neutra e imparcial.