quarta-feira, outubro 27, 2010

Fotos revelam abusos de militares israelenses contra palestinos

Fotos revelam abusos contra palestinos

Militares israelenses aparecem em imagens agredindo prisioneiros durante ofensiva militar à faixa de Gaza

ONG encontrou as fotos no site Facebook; elas haviam sido publicadas pelos próprios militares suspeitos dos crimes

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Uma organização de direitos humanos divulgou ontem mais fotos de soldados israelenses cometendo abusos em território palestino.
De acordo com os integrantes da ONG Quebrando o Silêncio, formada por militares israelenses da reserva que se opõem à ocupação, as fotos foram tiradas pelos soldados na ofensiva à faixa de Gaza, entre 2008 e 2009.
As três imagens divulgadas ontem foram enviadas pelos próprios soldados para o site Facebook, de onde a ONG as recolheu e depois divulgou para a imprensa.
Numa delas, um soldado israelense segura pelo pescoço um homem vendado e com as mãos amarradas, e com a outra mão aponta um fuzil para a cabeça dele.
Noutra, um soldado picha numa parede uma estrela de Davi e as palavras em hebraico: "voltaremos em breve".
A terceira mostra um soldado posando com seu fuzil numa cozinha, enquanto uma mulher em trajes árabes continua trabalhando, aparentemente inabalada.
Segundo Michael Manekin, da Quebrando o Silêncio, as fotos mostram um fenômeno que se espalhou nos últimos anos no Exército.
"Colocar prisioneiros em situação humilhante e depois divulgar imagens se tornou rotina", disse Michael à Folha. "O problema é que raramente são punidas com o rigor necessário", afirmou.
A revelação não é nova. Há cerca de dois meses, uma soldado israelense, Eden Abergil, causou indignação até dentro do Exército depois de aparecer sorrindo ao lado de prisioneiros palestinos vendados em fotos postadas por ela no Facebook.
Há três semanas, um episódio semelhante voltou a ganhar as manchetes. Desta vez, a imagem de um soldado dançando em volta de uma palestina vendada foi enviada ao site YouTube.
O Exército abriu investigação, e o vídeo foi duramente criticado pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu. Recentemente, o Exército israelense proibiu o uso de mídias sociais como o Facebook e Twitter em suas bases para evitar vazamentos.

Notícia publicada na Folha de São Paulo, de 26 de outubro de 2010.


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