domingo, maio 17, 2009

Este jeito brasileiro

Por weden

É preciso fazer uma história social do complexo de vira-latas. Na verdade, o complexo de vira latas é realmente uma manifestação de elite. Porque o povão tem mais o que fazer!

Uma homenagem então aos infelizes.

A dor das elites

“Estes mosquitos, este mato, esta gente morena, este clima tropical, este gosto pela festa, esta maneira de falar, este pronome átono para começar

Este batuque nos nossos ouvidos, este dente escancarado, este rastapé, este cheiro de feijoada, este cheiro de mocotó, este jeito moleque, este modo atrevido, esta insolência, esta indolência, esta malemolência, esta bunda de fora, esta cachaça supimpa

Esta dúvida em relação ao mundo, esta mania de chamar os bons de gringos, esta falta de Filosofia, esta ginga da boemia, esta recusa de ser infeliz, esta falta de Sena, não do Airton, mas do Rio Sena, essa coisa que não Nova Iorque

Este mato sem cachorro, esta falta de raça, ou quem sabe de excesso de raças, este jeca-tatu, este modo sucupira, esta vida severina, esta bandeira verde e amarela, este gosto pelo Chacrinha, este dia de índio, esta piada de português, este clima que não combina com gravata, esta rima que não combina com francês, esta jaca, esta laranja da terra,

Este pandeiro, esta sandália, este nome de cidade “Maracangalha”, esta farinha, esta rendeira, esta rede, est barro, este excesso de praias, de lazer, este som alto, esta falta de modo inglês

Este mapa tão deslocado, estes oceanos tão imensos que nos separam, e nos mostram que não somos nem nunca seremos americanos nem europeus.

Definitivamente.

Esta é a dor que mais dói”.

Texto copiado do blog do Luís Nassif.

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