14 de Julho, Dia da Queda da Bastilha
219 anos da Revolução Francesa.
Eu gosto muito de história, mas sempre achei o assunto "Revolução Francesa" um tanto quanto chato e incompreensível. Nobreza, burguesia, república, reinado, Terror, Napoleão, etc. Para que estudar tudo isto? Um pouco mais velho, comecei a entender um pouco mais o sentido daqueles eventos do final do século XVIII e início do XIX.
Tempos depois, meu filho me mostrou um trabalho de história, no ensino fundamental, sobre a Revolução Francesa. Entre outras coisas curiosas ali, o trabalho dele afirmava que "a Revolução Francesa acabou com o Feudalismo na França", e que "a burguesia chegou ao poder". Após ler tais afirmações, perguntei ao meu filho o que eram feudalismo, ou burguesia,e obviamente, então, o menino não soube dizer.
Sem contar que feudalismo era uma coisa relacionada com a Idade Média. Não se dizia que a Idade Média terminara trezentos anos antes, com a queda de Constantinopla em mãos dos turcos? Pois é, que salada.
Pois é. Só para contextualizar a coisa, vamos lembrar, que o feudalismo, meio pelo qual o rei distribuía dádivas ("feudos") aos seus nobres, que por sua vez lhe prestavam obediência e auxílio em momentos de guerra, por exemplo. com o tempo alguns desses nobres acabaram ficando tão ou mais poderosos que o próprio rei. Com o final do período chamado Idade Média, os reinos da Europa Ocidental (Inglaterra, França, Escócia, Castela, ...) passaram por um momento de fortalecimento do poder do rei, mas os nobres continuaram poderosos, e mantiveram extensas propriedades rurais que lhes davam poder e dinheiro, além de terem privilégios perante o sistema de justiça daquela época.
E também desde o final da Idade Média, as cidades voltaram a crescer, e muita gente começou a enriquecer, comprando e vendendo o que se transacionasse naquela época. Muita gente que prosperou começou a ser chamada de burguês, embora inicialmente burguês fosse todo aquele que vivesse em cidades ("burgos"), com o tempo passou a designar estes prósperos negociantes.
Esta gente passou a ser financeiramente poderosa, mas ainda era marginalizada perante o rei. Súditos, em uma palavra.
Com a Revolução Francesa, estes burgueses, apoiados pelo restante da população mudaram a França, e, na seqüência, toda a população européia. De acordo com os ideais da Revolução, todos os homens passaram a ser considerados iguais perante a lei. Cidadãos.
Mas claro, não há linearidade nisso. Ou seja, o processo histórico vem aos trancos e barrancos. A Bastilha, a prisão dos presos políticos da época, cai em 1789. O rei e a rainha serão guilhotinados alguns anos mais tarde. O Terror é um período onde se tentava "sedimentar" os ganhos da deposição do rei, e do estabelecimento da república.
Mas este mais ou menos novo e mais ou menos excêntrico regime francês juntou contra si, boa parte dos reinos europeus, fazendo com que, para se defender, os franceses pegassem em armas, e que os generais da França acabassem ganhando proeminência. Destes se destacou Napoleão. Ele se tornou o principal líder francês, e conquistou boa parte da Europa, espalhando estes ideais da Revolução pelo subcontinente. E como eu disse, aos trancos e barrancos, depois de espalhar os ideais da Revolução, Napoleão se fez coroar "imperador". Ironia.
E, afinal, Napoleão é derrotado, deposto e preso, e a monarquia é restabelecida na França. Mas a situação já havia mudado. Ainda havia nobres, mas agora, os homens já eram iguais perante a lei.
Coisa que perseguimos até hoje no Brasil, por exemplo.
Marcadores: 14 de julho, Bastilha, Revolução Francesa
5 Comments:
Excelente!
Putz! Que bom que gostaste.
Muito bom o texto. mas não posso deixar de incomodar, assim:
Seria interessante discutir que o fortalecimento real contou com o apoio da burguesia, grande fonte de recursos para o tesouro real no processo de formação dos estados territorias, desde meados do século XIV (lembrando, por exemplo a Revolução de Avis em Portugal).
Outro ponto é que a nobreza francesa, gradualmente, tornou-se cortesã (habitante da Corte e dependente do tesouro real), mantendo, como disseste, seus privilégios (donde a denominação Antigo Regime).
Outro ponto interessante é que a radicalização do movimento revolucionário tem muito a ver com a intransigência do rei e da nobreza, de que é exemplo a tentativa de fuga e captura do rei em Varennes (junho/1791), sua deposição com a proclamação da Primeira República pela Convenção Nacional (set/1792) e seu processo sob acusação de "atentar contra a soberania do povo" e sua condenação à morte por traição.
Claro que criticar é fácil, um abraço.
Valeram os comentários, Leonardo.
Mas a minha preocupação era menos os detalhes da Revolução, e mais mostrar a sua importância, até para nós, hoje.
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