Qual é Stédile?
Novamente, segundo a newsletter Videversus, em sua edição 481 informa que o líder do Movimento Sem Terra, João Pedro Stédile, convocou os militares a, junto com os movimentos sociais, pressionar o governo para reestatizar a Companhia Vale do Rio Doce, a Vale.
Segundo a newsletter, este foi o pronunciamento do sr. Stédile:
"Faço um apelo, oh, militares do Brasil, vocês que se dizem tão defensores do Brasil, ficam tão preocupados com o comunismo, com não sei o quê... E os americanos mandam embora a principal riqueza mineral q ue nós temos, que é o ferro, todo esse patrimônio que a Vale controla, que hoje está na mão de banco. Isso é um problema de soberania. A nação tem que controlar o seu recurso natural, que são os minérios, está na Constituição. Não precisa nem ser radical para dizer isso. Estou apelando para a consciência cívica dos militares, que sempre foram uma espécie de guardiões da soberania nacional. Defender soberania nacional não é mais mirar fronteira. Hoje é defender o patrimônio público representado pelas nossas estatais. Então, estou pedindo apoio dos militares como cidadãos, para que eles se incluam também nos nossos comitês pela reestatização da Vale".
Huummmm...
Entre os anos 1920 e 1985, os militares brasileiros se envolveram ativamente na política brasileira. A partir do levante de 1935, que passou à história como "Intentona Comunista", e durante a chamada Guerra Fria, sua alta oficialidade se tornou ativamente anticomunista. O envolvimento dos militares na política foi um dos fatores de instabilidade e falta de institucionalidade da vida política no país
A ser verdade este pronunciamento, ficam as questões. O Sr. Stédile não sabe disso?
Como ele pretende que os militares se engagem? Fazendo paradas militares? Simulando exercícios de guerra?
Sou obrigado a concordar com o editor da Videversus. Não é boa coisa quando líderes civis começam a querer contar com os militares.
2 Comments:
Discordo do recorte cronológico que fizeste.
Os militares estão envolvidos com a política brasileira (no mínimo) desde a crise do Império, sendo a jovem oficialidade do Exército um dos grupos em que as idéias republicanas se propagaram com velocidade (além dos Partidos Republicanos regionais). Deve-se lembrar que a Proclamação da República foi resultado de um golpe militar. Aliás, há um livro excelente "Os militares e a República", do Celso Castro sobre a proclamação.
Por sua vez, a consolidação da República (primeiros governos) também deve muito ao papel estabilizador (repressor) dos militares.
Essa não é uma característica exclusiva do Brasil, afinal em vários países os militares são os fiadores da estabilidade institucional (mais do que partidos políticos, instituições judiciárias ou imprensa, por exemplo).
O que eu posso dizer?
Eu tentei restringir um pouco o tempo. Mas certamente civis não devem ficar invocando militares a manter a ordem, a não ser nos estritos limites constitucionais, o que não me parece que tenha sido o que tenham feito, tanto o senador Antonio Carlos Magalhães, quanto o Sr. João Pedro Stédile.
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