Carlos Brickmann: Sociedade Amigos de Plutão - A força exponencial do erro
Há alguns anos, um grupo de amigos do noivo mandou imprimir centenas de convites para a festa do casamento - festa que, nos planos dos casadoiros, seria uma cerimônia íntima, só para os padrinhos, num pequeno apartamento. Apareceram dezenas de convidados; e, quando o porteiro do prédio dizia que não haveria festa, enfiavam-lhe o convite na cara, mostrando o que estava escrito.
A palavra escrita sempre foi a que mereceu mais crédito. Admite-se, no rádio ou TV, ao vivo, uma gaguejada do repórter, uma frase desconexa; na reportagem escrita, este mesmo erro é inadmissível. Hoje, com a possibilidade de multiplicação das mensagens escritas, via internet, o jornalista tem de redobrar seus cuidados: qualquer falha e se cria uma situação sem controle.
Uns dias atrás, o colunista Carlos Chagas escreveu uma crônica sobre a multiplicação das ONGs (já tivemos, sob governo tucano, uma organização não-governamental inaugurada numa sede de governo). Falou de uma suposta Sociedade Amigos de Plutão, destinada a protestar contra o rebaixamento do planeta; dizia que o governo Lula já tinha entrado com R$ 7,5 milhões para ajudá-la; que a ajuda seria complementada por empresas estatais federais; e, finalmente, que a ONG teria 800 diretores, cada um com salário mensal de 20 mil reais.
Era brincadeira, evidentemente; mas, nestas eleições, não estamos em tempos de brincadeira. A crônica, como se tratasse de temas verdadeiros, foi amplamente divulgada pela internet, junto com comentários do tipo "pior que o dossiê"; um senador, Heráclito Fortes, do PFL piauiense, chegou a fazer discurso no Congresso condenando o governo Lula por gastar dinheiro com ONG tão absurda. Fora isso, pipocaram mensagens indagando se o fato era ou não verdadeiro.
E nós com isso? Nós temos de pensar no "marketing viral" que pode ser feito com aquilo que escrevemos. Nossa responsabilidade se multiplicou: não se trata apenas do que escrevemos, mas também de como o que escrevemos será lido e utilizado por outros difusores de notícias. Anote: e a coisa ainda vai piorar.
Edição 402 de 10/10/2006
www.observatoriodaimprensa.com.br
A palavra escrita sempre foi a que mereceu mais crédito. Admite-se, no rádio ou TV, ao vivo, uma gaguejada do repórter, uma frase desconexa; na reportagem escrita, este mesmo erro é inadmissível. Hoje, com a possibilidade de multiplicação das mensagens escritas, via internet, o jornalista tem de redobrar seus cuidados: qualquer falha e se cria uma situação sem controle.
Uns dias atrás, o colunista Carlos Chagas escreveu uma crônica sobre a multiplicação das ONGs (já tivemos, sob governo tucano, uma organização não-governamental inaugurada numa sede de governo). Falou de uma suposta Sociedade Amigos de Plutão, destinada a protestar contra o rebaixamento do planeta; dizia que o governo Lula já tinha entrado com R$ 7,5 milhões para ajudá-la; que a ajuda seria complementada por empresas estatais federais; e, finalmente, que a ONG teria 800 diretores, cada um com salário mensal de 20 mil reais.
Era brincadeira, evidentemente; mas, nestas eleições, não estamos em tempos de brincadeira. A crônica, como se tratasse de temas verdadeiros, foi amplamente divulgada pela internet, junto com comentários do tipo "pior que o dossiê"; um senador, Heráclito Fortes, do PFL piauiense, chegou a fazer discurso no Congresso condenando o governo Lula por gastar dinheiro com ONG tão absurda. Fora isso, pipocaram mensagens indagando se o fato era ou não verdadeiro.
E nós com isso? Nós temos de pensar no "marketing viral" que pode ser feito com aquilo que escrevemos. Nossa responsabilidade se multiplicou: não se trata apenas do que escrevemos, mas também de como o que escrevemos será lido e utilizado por outros difusores de notícias. Anote: e a coisa ainda vai piorar.
Edição 402 de 10/10/2006
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