terça-feira, outubro 05, 2010

Nobel da Paz é expulsa de Israel

Israel expulsa Nobel da Paz irlandesa
05 de outubro de 2010 • 10h00

A irlandesa (ao centro) estava em barco interceptado em junho

A ganhadora do prêmio Nobel da Paz Mairead Corrigan Maguire, de 66 anos, foi expulsa na manhã desta terça feira de Israel, depois de ficar uma semana detida no aeroporto internacional do país.

Maguire, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1976 por seus esforços pela paz na Irlanda, chegou em Israel no dia 28 de setembro mas teve sua entrada no país negada pelas autoridades no aeroporto.

Ela afirmou que fazia parte de uma delegação de mulheres pacifistas e que iria se encontrar com mulheres israelenses e palestinas que trabalham pela paz no Oriente Médio. A ativista irlandesa se negou a deixar o país e dirigiu um apelo à Suprema Corte de Justiça de Israel para que permitisse sua entrada.

Na segunda-feira, a Suprema Corte rejeitou o apelo de Maguire, afirmando que "ela sabia que não poderia entrar em Israel e que sua chegada não foi feita de boa fé".

De acordo com porta-vozes oficiais de Israel, a razão para o impedimento da entrada de Maguire foi sua participação, em junho, no ato de protesto contra o bloqueio israelense à Faixa de Gaza do barco Rachel Corrie.

O barco foi interceptado pela Marinha israelense e Maguire, que estava a bordo, foi presa e deportada.

Segundo as autoridades israelenses, no momento daquela deportação a ativista havia sido informada de que entradas futuras em Israel estariam proibidas.

Maguire afirma que, depois de ser presa no barco de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, as autoridades israelenses lhe disseram que seria "repatriada", mas não proibiram suas entradas futuras no país.

Vozes contra e a favor

Outra ganhadora do Nobel da Paz, Jody Williams, que também participa da delegação de mulheres, protestou contra a decisão da Suprema Corte israelense.

"O que mais me surpreende é que as autoridades israelenses estão questionando a integridade pessoal de Maguire", afirmou Williams, em um comunicado divulgado para a imprensa.

"A vida dela é dedicada à defesa de principios morais profundos e, de fato, ela veio a Israel para ouvir mulheres que trabalham pela paz por meios não violentos", acrescentou.

"Maguire não constitui um risco para a segurança de Israel. Ela veio para apoiar pessoas dos dois lados do conflito", disse Williams.

O colunista do jornal Haaretz Gideon Levy protestou contra a maneira como a prêmio Nobel da Paz foi tratada pelas autoridades israelenses.

"Esse é o verdadeiro retrato de Israel hoje em dia... é assim que tratamos aqueles que defendem a não violência", afirmou Levy.

Já o jornalista Ben Dror Yemini, do jornal Maariv, apoiou a expulsão de Maguire.

Em um artigo divulgado pelo departamento de imprensa do governo israelense, Yemini afirmou que Maguire estava a bordo de "barcos de ódio para apoiar o Hamas, com um disfarce de ativista pacifista".

Yemini acusou a Nobel da Paz de fazer parte de um "rebanho de antissemitas que se disfarçam de antissionistas e têm a obsessão de demonizar e deslegitimar Israel".

Não é a primeira vez que as autoridades israelenses expulsam estrangeiros que criticam a atitude de Israel em relação aos palestinos.

Em maio deste ano, o linguista de renome internacional Noam Chomsky foi expulso quando tentou entrar na Cisjordânia para fazer uma palestra na universidade palestina de Bir Zeit.


Notícia vista no blog do Luís Nassif.

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